DIOMAR

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A FÓRMULA 1 COMO ESPELHO DA ECONOMIA

#DIOMAR FRANCISCO}

As corridas de fórmula 1 disputadas em interlagos, como a realizada no último domingo, reacendem um pouco do interesse dos brasileiros pela mais tradicional competição automobilística do mundo. É a lógica da proximidade: o que está perto desperta mais atenção. Apesar disso, o magnetismo do esporte vem perdendo força desde a morte de Ayrton Senna, há 20 anos. Sem ele nas pistas, o país nunca mais conquistou um campeonato.
Mas há outro fator: juntamente com a escassez de triunfos nacionais, parece cada vez haver menos disputa entre pilotos, com raras exceções em algumas temporadas. E, nesse aspecto,  a Fórmula 1 pode ter muito a dizer sobre a economia num ambiente em que a tecnologia é cada vez mais presente.

A impressão de que há menos competitividade nos grandes prêmios se confirma pelos números. A fórmula 1 existe desde 1950. Nos primeiros 32 campeonatos, 19 pilotos foram campeões. Nos últimos 32, a quantidade caiu para 15 (2014) não está na conta porque o vencedor não foi definido.
Em entrevista ao jornal o Globo na última quinta-feira, o tricampeão Nelson Piquet foi taxativo: a tecnologia é cada vez mais decisiva e o piloto tem menos papel nas vitórias. E, como desenvolver um carro tende a ser mais caro a cada campeonato, poucas equipes têm condições de estar na ponta.
isso cria um círculo vicioso: o dinheiro concentra-se em quem vence, dificultando o trabalho daqueles que ficam para trás. Na atual temporada, duas das 20 equipes fecharam as portas por problemas financeiros. Para 2015, há o risco de outras três não participarem do mundial devido à falta de verba.

Mas o que, afinal, isso tem a ver com a economia? Muito. A Fórmula 1, de certo modo, é um microcosmo do ambiente econômico. Equipes, assim como as empresas, concorrem uma contra a outra. E vencem as que  conseguem ser mais eficientes. Nessa busca, a tecnologia tem sido uma aliada de primeira hora. E não raras vezes o desenvolvimento tecnológico implica o fechamento de empresas, a perda de empregos e a concentração de mercado- de modo semelhante ao que ocorre no automobilismo, com menos equipes fortes.

Obviamente, a evolução da tecnologia é uma realidade inevitável. Mas a competição- tanto no esporte como na economia-deve ser preservada para o bem de todos. Os organizadores da Fórmula 1 frequentemente criam novas regras para estimular a disputa. Esse também tem de ser o papel do Estado na economia.

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