#DIOMAR FRANCISCO/ FERNANDO MARTINS/ GAZETA DO POVO}
A tensão do jogo entre Brasil e Chile escancarou o desequilíbrio emocional que tomou conta de parte da seleção. Os nervos à flor da pele apareceram no choro de alguns atletas já na primeira partida da Copa, durante a execução do hino. E ficaram evidente diante da pressão de serem eliminados precocemente pelos chilenos no último sábado. Felipão chamou uma psicóloga para resolver o problema que antes era visto como solução- o time jogar embalado pela torcida. O curioso é que esse "problema" é uma das mais marcantes características brasileiras: a emotividade que se sobrepõe à razão. E ela não se expressa apenas no campo. A cordialidade com que os torcedores estrangeiros estão sendo recebidos no país, por exemplo, é outra face desta mesma moeda.
Encontrar equilíbrio entre a cabeça e o coração não tarefa para o sucesso tão somente do escrete canarinho.de certa maneira, é um desafio da própria nação.
Mas a cordialidade Brasileira vai muito além das meras relações sociais. Ela influi nas práticas políticas do país e está na origem de alguns dos males da vida pública nacional. "Aos amigos, tudo. Aos inimigos, a lei", diz o ditado popular que expressa de forma contundente a preponderância do coração sobre a racionalidade da legislação.
O nepotismo, o" Jeitinho", o tratamento diferenciado do Estado a alguns " privilegiados" são manifestações desse traço do caráter brasileiro. Ao flexibilizar ou ignorar as regras para os conhecidos, os agentes públicos ou políticos perpetuam um círculo vicioso que insiste em impedir que o Brasil construa uma democracia plena como as nações "racionais" do Ocidente conseguiram já há muito tempo.
Encontrar o equilíbrio entre a cabeça e o coração não é, portanto, tarefa para o sucesso tão somente do escrete canarinho. O desafio da nação não é desperdiçar a afetividade que marca o brasileiro, mas enxergar os limites da emoção quando ela dificulta a construção da democracia ou flerta com a agressividade.
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