DIOMAR

terça-feira, 22 de outubro de 2013

IMPUNIDADE FUNESTA NO CASO DO MENSALÃO

#DIOMAR FRANCISCO}

Não é novidade dizer que a impunidade é uma praga devastadora. Consagrada no Brasil como uma espécie tergiversa de instituição, enraizada nos poderes entranhada na alma da vida pública. O julgamento do Mensalão surgiu como um ponto fora da curva, um marco. Não por ser o maior escândalo de corrupção da história deste país- não é, nunca foi- , mas por levar à apreciação do Supremo Tribunal Federal os crimes de corrupção cometidos por uma monumental quadrilha nascida no coração do partido político que ocupa a Presidência da República e quer se perpetuar no poder, custe o que custar.

Consolidou-se uma enorme expectativa na sociedade. Não por acaso ou por meras ideologias. Evidenciando a morosidade da justiça brasileira, o julgamento já consumiu mais de um ano, versando sobre crimes praticados há uma década. Por decisão da maioria dos "eminentes preclaros nobres excelentíssimos salve salve" ministro do STF, foi dado provimento aos famigerados embargos infringentes interpostos pelos "réus-figurões", protelando a conclusão e a execução das sentenças e jogando a decisão final para 2014- quiçá  2015- ainda que sob risco da prescrição de diversos crimes.

É exatamente essa alegoria de mitos que garante à Suprema Corte servir-se do pernicioso argumento insular. "O STF não pode se contaminar pelo clamor popular, pela vontade das maiorias contingentes", disse o ministro decano Celso de Mello durante seu voto de desempate quanto ao provimento dos embargos infringentes,  decisão que garantiu novo fôlego e a prescrição de crimes para os réus do julgamento do Mensalão, "profanadores da República", como garantiu o próprio magistrado em passado recente.

"Contaminar" foi uma extraordinária escolha lexical. Grosso modo, sugere ser alguma doença o povo Brasileiro reuniu-se em pleito coletivo pelo o fim da impunidade funesta que corrói e desmoraliza as instituições deste país. Manter-se uma ilha undecágona seria portanto- e na opinião da maioria dos ministros-, o remédio para uma suposta moléstia que atinge as multidões neste início de século, vítimas da explosão horizontal da informação,  das redes sociais e de um surto de sonambulismo, impróprio aos hibernos em berços esplêndidos. Sob esse pensamento nauseabundo, repousam os pilares da paródia de democracia vigente no Brasil.

Cumpre-se apenas lamentar a eternização do roteiro tragicômico que desenha a história política brasileira. Como já vimos em contáveis jurisprudências, "peixes graúdos" não morrem na praia. Tampouco vão para o xilindró. Devolver dinheiro roubado? nem pensar! Definitivamente, o Brasil não é um país sério. Triste a nação que tem nesta assertiva um clichê. Coroada, a impunidade funesta se mantem. HELDER CALDEIRA, Escritor e jornalista político. Escritor dos livros "Aguas Turvas".

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