#CELSO NASCIMENTO/ DIOAMAR FRANCISCO/ GAZETA DO POVO}
Sob a perspectiva de quem agora vê o povo tomar conta das ruas e gritar "contra tudo que aí está", a eleição de 2014 pode parecer ainda longínqua. Pode ser também que essa movimentação perca força e que, dentro de pouco tempo, as coisas volte ao "normal". E o "normal", infelizmente, é aquele estado letárgico que costuma manter os Brasileiros preso ao sofá da sala ainda que diante de seus olhos os telejornais os de má notícias.
A letargia foi superada nesses últimos dias. O povo se levantou do sofá e sai para protestar, para mostrar sua indignação. O objetivo imediato de pressionar o poder público a abaixar as tarifas do transporte coletivo já foi total ou parcialmente satisfeito. Mas nem por isso o entusiasmo cessou: Milhares ainda ocupam praças e ruas, bradando agora por causas de mais longo alcance.
Bradam contra a corrupção, contra os gastos absurdos com a promoção das Copas das Confederações, por melhores serviços de saúde, por educação de qualidade, por mais segurança, contra a PEC 37 que reduz poderes do Ministério Público...Enfim, uma pauta tão extensa e dispensa, mas que encontra um indiscutível ponto de convergência: o grito de revolta é contra tudo quanto é de responsabilidade direta dos governos, dos políticos e dos partidos que ocupam o poder- aqueles mesmos que até há poucos dias estavam se preparando alegremente para disputar a eleição do ano que vem...
Ah! bons tempos aqueles em que, a despeito de tudo do que eram capazes de fazer, o povo comparecia às urnas e os colocava de novo nos lugares de gostam. E que bom se tudo voltar logo a ser como antes- pensam esses mesmos políticos e governantes, a despeito da "solidariedade" hipócrita que hipotecam às manifestações. Chegam quase a fingir que nada é com eles.
Mas, então, eis a dúvida: com rua ou sem rua, o eleitorado que irá às urnas no ano que vem vai se comportar da mesma maneira como sempre o fez? Serão os velhos políticos e os poderosos atuais conduzidos ou reconduzidos aos seus reluzentes e bem pagos? Farão eles, os políticos e governantes, a partir de agora, o que o clamor popular deles exige?
OS EFEITOS ELEITORAIS E COLATERAIS.
Se a perplexidade toma conta dos governos- incluindo o da Presidente Dilma que, após duas semanas conflagradas, ainda não sabia que rumo tomar-, há alguns políticos que já começam a vislumbrar os efeitos eleitorais dos protestos. Um deles é o Senador Álvaro Dias, do PSDB- testemunha presencial da constrangedora veia que que a presidente sofreu no lotado estádio brasiliense na abertura da Copa das Confederações.
O senador Álvaro dias desce do nível nacional para o do paraná. Se era certo que o atual governador disputaria a reeleição enfrentando a ministra" Gleisi Hoffmann, essa certeza começa a se dissipar."Gleisi dependeria sempre do prestígio de Dilma para se viabilizar como candidata realmente competitiva, mas a queda da influência política da presidente poderá comprometer seu projeto. E completa: "já não acredito que Gleisi seja candidata.
Nesse caso, desde já estaria assegurada a recondução fácil do atual governador? Álvaro não partilha dessa noção, pois, segundo ele, a fraca administração do chefe tucano paranaense e seus muitos erros políticos ( o maior deles a perda da eleição em Curitiba) são fartamente conhecidos em todo o estado e lhe tiram a condição de um candidato que se poderia considerar imbatível.
Sem a petista Gleisi representando as correntes mais fortes de oposição no paraná e na dúvida sobre o ex-senador Roberto Requião será mesmo candidato, quem sobra? Álvaro Dias arrisca dar inesperada opinião: "Acredito que o Osmar Dias (PDT) acabará sendo levado a aceitar o desafio de outra vez disputar o governo".
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