DIOMAR

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

OPINIÃO: EDUCAÇÃO E SOLIDARIEDADE

#DIOMAR FRANCISCO}

A história brasileira parece sempre ter sido contada para consumo público, como se tivesse ocorrido apenas por protagonismo de alguns personagens, restando a nós outros a figuração e o pagamento de impostos. Nossa independência de Portugal teria sido mera consequência do capricho de um príncipe- e a liberação dos escravos, ato benigno de sua neta. Como se as ações, a coragem, a pressão, o sacrifício, os ideais de muitos não tivessem tido maior importância.

Essa simplificação maliciosa e infantilizante , vem até os nossos dias. Os calendários oficiais contemplam os "autores" dos acontecimentos importantes, citando-os como exemplos a serem seguidos, esquecendo a participação e os sofrimentos reais dos que os seguiram e viabilizaram seus atos.

Assim é também que, enquanto em muitos países as empresas mantêm parcerias profícuas com instituições universitárias, fazendo a estas grandes doações e tendo como retorno pesquisas e formação de massa crítica essenciais para suas atividades, aqui, industriais, comercio e setor de serviços estão, com poucas exceções, distantes das escolas- para prejuízo de todos.

No entanto, há uma esperança: os jovens, que pareciam não ter valor, não se interessar pelas grandes questões sociais,  dedicar-se apenas ao consumo e às redes sociais, nos surpreendem  com suas manifestações de indignação, inconformismo e generosidade, trazendo um vento de renovação, em que muito pesem alguns exageros e vandalismo. Uma centelha produz incêndio onde existe combustível- neste caso, a insatisfação difusa e generalizada com a violência, a corrupção, a impunidade e o descaso , além da descrença no sistemas político e judiciais, que deveriam ser os fiadores da democracia, os interlocutores legítimos dos anseios da sociedade.

Os jovens manifestantes parecem saber que o Brasil que está sendo construído hoje é o seu país- e o querem muito melhor. Percebem que muitos de nossos políticos padecem do excesso de visão de futuro (o seu próprio) e que deveriam mirar mais o passado (lembrando as propostas e promessas pelas quais foram eleitos) e menos a próxima eleição. Se continuarmos valorizando apenas o pessoal, em detrimento do coletivo, mais a esperteza que a inteligência, mais a sorte que a dedicação, será difícil realizar o sonho que nos é manifestado pelas ruas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário