#DIOMAR FRANCISCO/ ELIO GASPARI/ GAZETA DO POVO}
Joseph Blatter, presidente da Fifa, pensa que é um chefe de Estado e leva uma vida de magnata. Viaja no avião da entidade, é recebido por presidentes de agenda porosa, atravessa algumas cidades precedido por batedores e durantes os jogos de futebol fica em camarotes VIPs onde garçons serve champanhe e caviar (na abertura da Copa das Confederações, felizmente, a doutora Dilma reclamou do mimo).
A Fifa não é um Estado, e, se fosse, com sua crônica de propinas, estaria entre as cleptocracias da segunda divisão. Para os Brasileiros, há a lembrança do o caso de João Havelange, que dirigiu a instituição de 1994 a 1998, quando se tornou seu presidente honorário. Renunciou em abril, na esteira de um escândalo. A Fifa é uma organização de cartolas, e a Copa do Mundo tornou-se um empreendimento que move bilhões de dólares. Durante as manifestações de junho, a imprensa internacional lembrou o fato de que a competição será realizada num país onde multidões protestavam contra os preços das tarifas de transportes públicos enquanto a entidade anunciava que entre os patrocinadores do evento estará o champagne Taittinger (U$$ 100 a garrafa).
Quando a burocracia dos cartolas baixa no Brasil com tamanha desconsideração, cria antipatias desnecessárias. Blatter vende ingresso para uma população que vê passando na rua com batedores (no Rio já chegaram a fechar as travessias da avenida Atlântica para que ele tivesse pista livre). Os ingressos para os jogos terão preços salgados, as companhias aéreas e os hotéis estão de olho no bolso da galera. Além disso, o evento colocará nas ruas milhares de policiais com o treinamento e os modos que mostraram em junho.
Esse problema são parte da vida nacional, não é preciso agravá-los. Blatter deveria vir ao Brasil por três dias, para viver como uma pessoa comum. Descobriria que o amigo que hospeda no Rio ou em São Paulo paga mais IPTU do que ele na Suíça. Descobriria também que, enquanto paga o equivalente a R$ 100 por ano para andar quantas vezes quiser em todas as autoestradas do seu país, aqui pagará R$ 40 reais por um só percurso do Rio a São Paulo, com direito a engarrafamento. Quando um Brasileiro desce no aeroporto, rala na Alfândega. Ele não. Sendo Suíço, verá que pindorama é o único país do mundo onde a fila dos nativos para o exame de passaporte é maior que a dos estrangeiros.
Quando um pedaço Itaquerão desabou, Blatter pediu a "Deus e Alá" que garantam a entrega das arenas a tempo. Se os Brasileiros se aborrecerem durante a Copa, o doutor não deverá invocar seus nomes em vão.
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