DIOMAR

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

CORDÃO DO ENCARNADO, EX-PRESIDENTE LULA

]{DORA KRAMER/DIOMAR FRANCISCO GAÚCHO/GAZETA DO POVO}

O ex-presidente Luiz inácio da Silva usurpa o poder de suas criaturas, é o que se diz sobre deus movimentos de interferência explicita no governo Dilma Rousseff e nos primeiros acordes da administração Fernando Addad na prefeitura de São paulo.

Lula é alvo de toda sorte de críticas por desenhá-lo como meras marionetes e tentar exercer de fato um poder que de direito não possui.

Não foi eleito, portanto não tem rasão para se unir com a equipe de addad para "traçar diretrizes". Não recebeu delegação presidencial para atuar como coordenador e, no entanto, age como se fosse a eminência mais nítida do governo federal.

Isso é o que parece; não necessáriamente é o que acontece. Primeiro, porque Dilma e Haddad detêm o poder de direito, estão lá sentados nas cadeiras que lhes couberam por candidaturas ungidas pelo criador e corroboradas pelo eleitor. Isso ninguém lhes tira.

Segundo, porque tém a perfeita noção de que estão à frente de duas importantes trincheiras de um projeto partidário cujo condutor é Lula. Estão- todos os participantes dessa "marcha"--pouco ligando para essa formalidades que assombram analistas da sena política. Querem mais é que o chefe suba ao palco. Quanto mais o ex-presidente exercita suas artes de atrair todas as atenções,menos o PT precisa tratar de seus problamas com a ética e com (a falta de)resultados concretos de sua gestão federal. O debate nacional se desvia dos problamas reais para uma questão surreal.

É como disse o ex-secretário geral da Presidência Luiz Dulci: "A movimentação de Lula é natural e desejavel para o PT.

Até semana passada, crescia o debate sobre inflação investimentos, fornecidos de energia, maquiagem de dados das contas governamentais, PIB pífio, exesso de interferência estatal na economia, reclamações de políticos e empresários, construção de alternativas eleitorais para 2014.

Até Lula estava calado, fugindo de jornalistas por lavanderias de hotel para não comentar as acusações contra sua protegida Rosemary Noronha e o depoimento de Marcos Valério à procuradoria-Geral da República, que ensejou pedido de abertura de investigação contra o ex-presidente no esquema posto a nu pelo Supremo Tribunal Federal.

Nos últimos dias a pauta mudou: São os encontros de Lula com secretários, aconselhamentos de Lula para Dilma mudar o rumo do governo, anúncios de reuniões dele com ministros, a caravana de Lula país afora, a conversa de Lula com a presidente nesta sexta-feira, o papel de lula como articulador da base no Congresso, a inadequação da conduta de Lula, enfim, uma virada de agenda com Lula ao centro em seus mais confortável papel.

Critica-se o ex-presidente por não "desencarnar"do cargo como havia prometido, levantam-se bandeiras em defesa da autonomia de Dilma, aceitam-se versções de que ela estaria desolada com essa interferência e, assim, cumpre-se exatamente o roteiro que interessa a Lula, ao Planalto e ao PT: fazer do ex-presidente o centro de tudo, privilegiando o acessório (as andanças dele) em detrimento do principal (as questões éticas administrativas em aberto).

O truque não é novo, mas continua eficaz porque há quem caia nele: por vontade ou falha de percepção. Resta conferir o efeito da realidade adiante sobre o prazo de validade desse tipo de dom de iludir a quem se dispõe a ceder às artimanhas de ilusionismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário