DIOMAR

sexta-feira, 29 de março de 2013

22 ANOS DE MERCOSUL, AJA PATOS

{ELIZABETE ACCIOLY, ADVOGADA/ DIOMAR FRANCISCO/GAZETA DO POVO}

A primeira ideia que nos vem no aniversário do Mercosul, celebrado ontem, é a imagem de dois patinhos na lagoa, número que anima as pedras cantadas nas quermesses paroquiais. Brasil e Argentina, a partir de 1985, passaram a nadar na mesma lagoa, após tantos anos a olharem-se ao longe, com certo temor pelo desconhecido, até perceberem que, afinal, do outro lado da margem não havia patos selvagens e ariscos, prontos a atacar, mas apenas um pato solitário em busca de um parceiro. Os dois patinhos, pelas proezas que começaram a fazer juntos, agitaram tanto as águas da lagoa que surgiram outras aves. No dia 26 de março de 1991, com assinatura do tratado de Assunção, Paraguai e Uruguai são admitidos no bando.

E passaram-se 22 anos! Os quatros patos grasnando, nadando e voando juntos, com períudos de avanços, reflexções e crises, conseguiram até a proeza de atrair uma ave majestosa e imponente, símbolo nacional dos EUA e da Alemanha, para um concerto entre blocos regionais.

Recentemente, um pato migrou da região andina para a lagoa mercusulina, aproximando-se do bando. Os quatros patinhos ficaram apreensivos, não por ser aquele propriamente um patinho feio, mas um patinho revolucionário. Porém com a convivência mais próxima, os patinhos até lhe acharam graça e permitiram o seu ingresso no bando, com exceção de um deles, que o rejeitava insistentemente.

Mas quais o destino que esse patinho relutante cometesse um ato que desagradou aos demais, sendo afastado do grupo temporariamente, até cumprir as regras estabelecidas pelo os outros. Esse patinho, agora triste e inconformado com a punição, considerada injusta por uns e acertada por outros, avista ao longe os seus companheiros a conviver alegremente com o recém-chegado pato camarada.

Brevemente o patinho triste estará de volta à lagoa, após as resoluções da família paraguaia, em abril próximo, e tudo voltará como dantes. Teme-se, porém, a reação desse patinho ao defrontar-se com o novo membro do bando. Mas, pelos fatos recentes ocorridos na família venezuelana, respeitando a dor e o luto daquele patinho, tudo pode ser resolvido da melhor maneira, com um belo voo a cinco, nos céus do Cruzeiro do Sul.

É sabido que os patos são dotados de perfeitos senso de direção e que gostam muito de viver em comunidade; portanto, com a nova etapa que se impõe ao bloco regional, é essencial manejar a bússola e redirecionar o bando para um porto seguro, longe das interpéries vindas do Hemisfério Norte, que possivelmente resvalariam na lagoa mercosulina.

Ainda poderíamos relacionar os 22 anos de Mercosul com o jogo do bicho: o tigre, poderoso, astuto e temido pelos outros animais, mas daí nos vêem à lembrança os tigres asiáticos, hoje tigres-de-bengala, em perigo de extinção.

Por isso, mais vale ficar com a imagem dos patos, que são dos poucos animais que andam, nadam e voam com idêntica perícia, que conseguem dormir com metade do cérebro e manter a outra em alerta e ainda dão um belo espetáculo quando voam na formação em V- não por acaso, mas para ajudarem-se uns aos outros, pois quando um pato bate as asas cria um vácuo para o pato seguinte; quando o pato líder se cansa, muda para atrás na formação e, imediatamente, outro pato assume o lugar, indo para a ponta; os patos de trás grasnam para incentivar e encorajar os da frente a aumentae a velocidade.

Com cinco integrantes, a formação em V do Mercosul firará certamente mais equilibrada, para rumar, com vontade, ânimo e solidariedade, na direção acertada, seguindo o exemplo perfeito da natureza, que se traduz no voo dos patos.

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