{FERNANDO MARTINS/ DIOMAR FRANCISCO GAÚCHO/GAZETA DO POVO}
Algumas décadas atrás, a palavra "Professor" era um tratamento de distinção, quase uma honraria. Exercer o oficio de ensinar garantia status e respeito da comunidade. É provável que a sociedade da época entendesse melhor do hoje o papel dos educadores como construtores do futuro. Há muito que os professores brasileiros, porém, não contam nem se quer com uma pálida sombra de prestígio e do valor social que lhes foi atribuído no passado- ainda que atualidade costumada de "era do conhecimento".
É sintomático que a lei que instituiu o piso nacional do magistério, em 2008, tenha ido para a justiça, questionada por vários governos estaduais. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o salário mímnimo para professores é legal. O que chama a atenção, porém, é que os estados não queiram pagar R$ 1.567 mensais- o valor do piso em 2013 para uma jornada de 40 horas semanais. Alegram não ter caixa para fazer frente à despesa.
É fato que os governos estaduais enfrentam séria dificuldades financeiras. Mas a situação demonstra o pouco valor que o poder público tem dado ao ensino no pais nos últimos tempos. Sabe-se que somente uma revolução educacional garantirá o desenvolvimento sustentável. Mas não é na educação que o Brasil está depositando seus principais esforços. E o salário dos professores é tão somente reflexo disso- ainda que a remuneração seja apenas um dos muitos problamas do ensino.
O piso do magistério é pouco maior que o salário médio do trabalhador brasileiro-- R$ 1.345, segundo último dado disponível, divulgado em setembro do ano passado pelo o instituto brasileiro de Geografia e estatística (IBGE). A comparação dos números mostra que o país considera que o trabalho do educador está muito longe de figurar dentre as prioridades da nação.
Todas as profissões têm sua importância, mas a atividade do professor é estratégica para o futuro e deveria receber mais atenção. Por mais que uma boa remuneração dos professores não garanta necessariamente a melhora da educação, ela é essencial para tornar o magistério mais atrativo aos jovens talentos- tanto quanto hoje são as engenharias, a medicina, o direito...talvez assim "professores" volte a ser um tratamento tão distinto e desejado quanto o de "doutor".
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