{CELSO NASCIMENTO/ DIOMAR FRANCISCO, GAÚCHO PARANAENSE/ GAZETA DO POVO}
Logo depois de clicar 20 na urna eletrônica, o governador Beto Richa embarca neste domingo para uma viagem de 15 dias que o levará à China, Líbano e Itália. Além de um vago "estreitamento" das relações com autoridades dos três países, não foram divulgados motivos mais concretos para a peregrinação que empreende com pequena comitiva. A bagagem que vai levar, no entanto, poderá enfrentar problamas na hora do check-in em rasão do excessivo peso dos insucessos que colheu nas eleições.
Para aliviar a carga da generalizada derrota na primeira eleição estadual que conduziu na condição de governador, só mesmo se, à última hora, acontecer uma surpreendente vitória de Ratinho Júnior-o candidato 20 que ele clicou na urna. Tal possibilidade não deve ser irresponsavelmente descartada, mas todos os indicativos levam à previsão de que Gustavo Fruet sairá das urnas neste domingo como o novo prefeita da capital.
Se as previsões estiverem corretas, Richa terá de contabilizar não uma, mas várias pesadas derrotas no seu mais precioso território eleitoral, a joia da coroa ambicionada por qualquer político que pense no próprio futuro- Curitiba, a cidade que o elegeu prefeito duas vezes consecutivas, a última das quais com avassaladores 77% dos votos.
DE ERRO EM ERRO...
As sucessivas derrotas que sofreu começaram a ser construídas já no ano passado, quando assumiu pessoalmente a responsabilidade de trocar o certo pelo duvidoso ao afastar Gustavo Fruet, o candidato natural do seu partido, o PSDB, para impor o nome de sua preferência, o do prefeito Luciano Ducci, do PSB.
Este erro estratégico de Beto Richa, certamente causado por um inesplicável excesso de confiança no próprio "taco", produziu a primeira consequência fatal ao empurrar para a seara oposicionista o enjeitado Gustavo Fruet que, filiado ao PDT, juntou-se ao PT e ao PV para construir uma candidatura.
Mesmo assim, de acordo com a visão soberba dos conselheiros do governador, essa candidatura seria vítima da própria incoerência política e também facilmente suplantada pelo prestígio de Richa e pelas máquinas municipal e estadual. do primeiro turno configurou o engano: ainda que por pequena margem, Fruet venceu Ducci. A saida que Richa encontrou para não assumir a derrota foi jogar sobre as costas do prefeito a responsabilidade, já que, segundo o governador, em eleição municipal os eleitores "focam nos candidatos e não nos seus padrinhos".
OPOSIÇÃO SE FORTALECE.
Se se confirmar a vitória de Gustavo Fruet sobre Ratinho, Richa terá, então, acumulado (1) derrota de perder um dos melhores quadros de seu partido no estado e no país; (2) de escolher o candidato errado; (3) de perder o primeiro turno; e (4) de perder também o segundo.
Moral da hitória: se confirmar que Beto Richa de fato colherá as derrotas previstas, pode-se dizer que não foi exatamente a oposição que ganhou; foi a situação que perdeu.
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