DIOMAR

domingo, 3 de novembro de 2013

O PODER APALERMADO NO BRASIL

#BELMIRO VALVERDE JOBIM CASTOR/ DIOMAR FRANCISCO/GAZETA DO POVO}

Até onde e quando irá essa mistura de selvageria, oportunismo político de grupelhos radicais e alegre impunidade para bandidos de todos os naipes em que estão se transformando inexoravelmente as "manifestações populares" de São Paulo e Rio? Enquanto continuamos a ver os governantes dos dois estados completamente apalermados diante do que está acontecendo, balbuciando explicações inconsistentes, demostrando não apenas despreparo técnico, mas igualmente dubiedade, ingenuidade política e incapacidade de entender a real dimensão do risco que as instituições estão correndo, não é possível prever.

Some-se a isso o beletrismo e o bizantismo de uma parte de nossa elite cultural e jurídica e uma indisfarçada simpatia juvenil pelo desafio à ordem que muitos jornalistas e observadores mais jovens não conseguem esconder, atribuindo-lhe caráter gransciano, e o caldo de cultura para o desastre está feito. Não acreditam? Como diria Graucho Marx, o que vocês preferem: acreditar em mim ou no seus olhos?

Vamos a todo momento na tevê: grupos violentos não surgem nos lugares como por encanto; vêm em carros, ônibus, trens, caminhões, a pé, e têm sido filmado pela imprensa sem qualquer dificuldade. Onde estaria, então, a dificuldade de a polícia se antecipar, pará-los, revistar mochilas, verificar documentos? Grupos depredadores e saqueadores têm sido filmados agindo com absoluta desenvoltura. Mas, se cinegrafista estava ali, a poucos metros, onde estava o agente da ordem para coibir seu vandalismo?

E aí vem o beletrismo entranhado em nossa cultura e nossa história: um caminhão que havia sido roubado por "manifestante" é filmado trafegando na contramão em uma rodovia, passando por carcaças de veículos em chamas, enquanto a polícia observava do acostamento. A explicação? Ora, tratava-se de uma rodovia federal e portanto só policiais federais poderiam agir. Não é um primor? A entrada em polvorosa, veículos em chamas e os políticos/burocratas discutindo a jurisdição sobre a via...

Não se pode parar alguém e examinar sua mochila por receio de violar seu direito à privacidade... E se houver um coquetel molotov dentro dela? Nada a fazer, uma vez que o artefato não foi lançado e, portanto, não há nenhum crime em carregar uma garrafa cheia de gasolina com um pavio; quem sabe o portador pretendesse lavar algumas peças sujas de graxa de um carro enguiçado... Surrealismo explícito! Que direitos devem ter precedência ( pois em toda sociedade civilizada há direitos que precedem outros) nesse episódios? O direito de qualquer pessoa de ter sua vida e sua propriedade protegida contra a violência e os esbulho, ou direito à privacidade das mochilas?

E assim ataca-se e destrói-se o patrimônio alheio sob os olhares aparvalhados da polícia e lenientes da justiça e do Ministério Público, que se esmeram em manter aparências de atuação sem se preocupar com a eficácia do que estão fazendo; no começo os alvos eram os bancos e os vândalos defendiam sua fúria destruidora demonizando o sistema financeiro. Agora são pequenos comerciantes e bancas de jornais, caminhoneiros autônomos e passantes inocentes, que pagam a mensalidade de seus veículos com o seu suado trabalho e dificuldade podem ser enquadrados entre os "tubarões" capitalistas, que estão sendo saqueados e 'expropriados" de maneira sumária e violenta.

O perigo é evidente. Democracia muito mais consolidada e institucionalmente aparelhadas que a nossa sofreram abalos profundos quando enfrentaram problemas semelhantes com igual incompetência. Lembremo-nos do que aconteceu na Itália mussolinista e na Alemanha hitlerista quando grupos privados armados agiram sem controle nas ruas. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

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