#DIOMAR FRANCISCO/ JOSÉ LÚCIO GLOMB/ GAZETA DO POVO}
Uma vez mais foi condenada a maneira como se faz política no Brasil. A formidável série de manifestações pelo país revelou a insatisfação latente, mais alguns resistem a entender o recado. Mesmo quando as atenções estão voltadas para o parlamento, com o clamor por reformas políticas e protestos pelo mau uso do dinheiro público, os presidentes do senado e da Câmara ousaram utilizar aviões da FAB para fins pessoais. Pegou mal. Nem é pelo valor, mas pelo gesto. dos nossos representantes espera-se que cumpram bem os seus mandatos, sem acertos para beneficiar alguém, em detrimento do interesse público.
Nesse sentido, agora mesmo, no paraná, há mais uma oportunidade para colocar à prova o comportamento da Assembleia Legislativa, na escolha do novo conselheiro do TC. É uma grande responsabilidade, pois o escolhido deve ter reputação ilibada, notório conhecimento jurídico e de contabilidade, para julgar com imparcialidade e competência a aplicação dos recursos públicos. Muito poderia se dizer, mas, para bom entendedor, meia palavra basta.
Ulysses Guimarães certa vez disse que "a única coisa que mete medo em político é o povo nas ruas". Com o povo nos seus calcanhares, o Congresso passou a examinar rapidamente projetos que estavam na gaveta, procurando dar uma resposta à sociedade. Conheço muitos muitos parlamentares dignos, inteligentes e trabalhadores. Eles possuem todos requisitos para bem exercer o mandato. Acontece que o sistema não funciona adequadamente. As pessoas não querem ver seus representantes atuando como meros despachantes de interesses pessoais. Querem vê-los debater e buscar soluções para que todos possam viver melhor.
Muitos parlamentares gostariam de priorizar as questões mais importantes, mas o sistema acaba produzindo um círculo vicioso do qual eles dificilmente conseguem se safar. O trabalho diário é consumido para atender pequenas e pontuais reivindicações. Os temas relevantes vão ficando em segundo plano. Para a atuação política ser melhorada, é fundamental que as pessoas se envolvem mais. Àqueles que costumam dizer que não gostam de política, lembro Bertold Brecht, ao dizer que "o pior analfabeto é o analfabeto político. Ele se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Da sua ignorância nasce o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, corrupto e lacaio de empresas".
O preço das passagens a ponta do iceberg. Além do grito contra a corrupção, praga difícil de erradicar, as manifestações trouxeram à rua pessoas testadas ao limite no seu cotidiano, com transporte ruim, superlotação e demora no trânsito. Curitiba é exceção, mas caminha a passos largos para a saturação. Queremos educação de qualidade, e saúde no padrão da Fifa, diziam as faixas. Elementar, não? E que tal essa: "Queremos saneamento básico na Rocinha"? Desfraldada em passeata que terminou no Leblon, metro quadrado mais caro do país, a faixa alerta para a realidade: novo Maracanã, R$ 1, 2 bilhão, padrão Fifa. Rocinha, esgoto a céu aberto, padrão Brasil.
É bom ficar de olho vivo e acompanhar de perto as necessárias reformas política e administrativa. A mobilização pelas redes sociais leva à conclusão de que, nas próximas eleições, nada será como antes; a história de cada um determinará o seu futuro político entre o céu e o inferno.
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