DIOMAR

domingo, 30 de dezembro de 2012

CRENÇAS, ESPERANÇAS E DESEJOS

]{BELMIRO VALVERDE JOBIM CASTOR/ DIOMAR FRANCISCO GAÚCHO/GAZETA DO POVO}

Dezembro não é apenas o mês do advento, da esperança: é também o mês das profecias, das promessas piedosas e dos pedidos ao bom Deus. Das profecias e previsões já falei na semana passada, lembrando sempre que, a estas, aplica-se o que Bernard Shaw escreveu a respeito de alguém que se casa mais de uma vez: é o triunfo da esperança sobre a experiência. Mas os profetas vivem exatamente da má memória de seus auvintes ou da ambiguidade de suas previsões, o que permite várias interpretações; assim, até o indefectível Guido Manteiga não fica nem vermelho ao fazer as suas para 2013. Como não me dou o trabalho de acreditar nelas para tomar decisões, poupo-me de muitas desilusões.

No entanto, se é para ser guiado pela esperança, encontro várias rasões para ela no Brasil de hoje. Acredito, por exemplo, que o julgamento do mensalão é um divisor de águas entre um país anacrônico, guiado pela luta incessante das elites para preservação de seus privilégios (como diagnosticou Thomas Skidmore, o grande brasilianista), e um país moderno em que as instituições se sobrepõem aos interesses particularistas. Não sou ingênuo para imaginar que esses últimos desaparecerão por encanto; apenas acredito que as instituiões estão ficando mais fortes para enfrentá-los.

Acredito também que, finalmente, estamos nos livrando do salvacionismo que sempre marcou a hitória brasileira, de nossa busca por um parente próximo do dom Sebastião aguardado pelos portugueses para salvar a terrinha e que nos salve também. O Brasil, finalmente, começa a colocar seus quadros políticos em uma perspectivas humana, em que se misturam virtudes e defeitos, acertos significativos e monumentais enganos. Estamos nos desiludindo da busca de pai da pátria e de super-heróis e tratado de nossa vida, o que é salutaríssimo.

Acredito também, que as instituições políticas atuais estão com as vísceras à mostras e suas mazelas ficando demasiado evidentes para serem desconhecidas ou negligenciadas por muito tempo. O clientelismo, o patrimonialismo, a corrupção graúda e miúda estão escancarados e isso, mais cedo ou mais tarde, levará a uma reforma política de profundidade, à substituição dessa ficção pseudodemocrática que temos por um sistema realmente representativo, baseado no voto distrital.

Acredito, por fim, que o Brasil está acordando para a importância da educação. A decisão do governo Dilma de direcionar a totalidade dos recursos dos royaltes do pré-sal (nossa maior riqueza estratégica  no médio prazo) Para os investimentos educacionais é um gesto histórico que,se confirmado pela ações futuras, mudará definitivamente a cara do país.

Mas, como o início do ano é também para formular pedidos, faço o meu: que minhas esperança não sejam frustradas co (por exemplo) a eleição de Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves para presidir o Congresso. Pessoas como eles representam, a meu ver, tudo aquilo que o Brasil profundo, o das pessoas anônimas que realmente constroem este país, quer ver se perdendo de vez no passado desta terra abençoada por Deus e bonita por natureza. Deus me( ou nos)ouça.

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